A PEC das Domésticas e a história da minha mãe

Hoje é dia de muitas comemorações.
Depois de mais de um século de injustiças, finalmente uma emenda constitucional foi aprovada para regulamentar a prestação de serviço de trabalhadores domésticos visando equipará-los com os demais trabalhadores.
A partir de agora, empregados domésticos (babás, cozinheiras, faxineiras etc) não poderão mais trabalhar como se fossem escravos assalariados.

"Nossa Ohanna, que exagero!"
Não gente, não é exagero nenhum.

A escravidão deixou uma herança cultural que permanece até os dias de hoje.
Quem tem um pouquinho mais de dinheiro que os outros se acha no direito de colocar uma pessoa dentro de sua casa para servi-lo e essas pessoas tem chiado muito com a aprovação da PEC das Domésticas.
Claro.
Quem não gosta de uma mucama a seu dispor né?
Quem está do outro lado.

Eu vou contar uma história pra vocês.

Sou filha de doméstica.
Com MUITO orgulho.

Quando meus pais se separaram, minha mãe que não trabalhava há mais de 10 anos e não terminou os estudos teve que se virar pra criar os três filhos.
Sem condições de pagar mais de um ano de contas de água e luz deixadas pelo meu pai, morando de favor na casa da minha vó, ela foi trabalhar como camareira num hotel.
Tinha todos os direitos garantidos, mas os 20 apartamentos para limpar por dia a levaram pra exaustão.
Então, ela foi trabalhar como doméstica.
Em várias casas ela comia apenas o que sobrava ou faziam uma comida separada pra ela.
Várias vezes minha mãe chegou em casa passando mal por não ter comido quase nada enquanto lavava banheiro dos outros.
Ela ligava no meio do caminho me pedindo pra preparar um lanche pra comer quando chegasse em casa. Essa é uma lembrança que me marcou tanto que ainda choro enquanto escrevo esse texto.
Outra que me marcou foi uma dentista porca que deixava as calcinhas sujas num balde d'água pra ela lavar NA MÃO!
Ela foi acusada de coisas que não fez, ficou até tarde cuidando dos filhos dos outros. Ela mudou de casa várias vezes por sofrer humilhações de todas as formas possíveis.
Como o salário era mínimo e ninguém alimenta três filhos com o que pagavam, minha mãe lavava roupa de várias pessoas.
Lembro dela chegar exausta e ir pro tanque (naquela época, máquina era luxo para apenas muito ricos) lavar malas e malas de roupas.
Ela voltava a pé quando conseguia pra economizar o passe de ônibus.
Veio o Bolsa-Família, deu uma respirada boa, mas ainda era muito pouco.
Ela virou diarista, que ganha mais.
As humilhações não mudaram muito mas pelo menos ela podia tocar o foda-se pra quem era boçal e ir pra outra casa.

Eu vi minha mãe envelhecer, ela não nos viu crescer.
Outra lembrança que eu NUNCA vou esquecer (e tô chorando de novo) é de um dia que ela sentou comigo e me disse:
"Minha filha, você tá uma moça e eu não te vi crescer"
A tristeza daqueles olhos nunca vai sair da minha memória.

Eu deixei de ser apenas filha para ser ponto de apoio, confidente, parceira, cuidadora dos meus irmãos.
Muitas vezes eu fui ajudá-la. Eu ficava admirada da sua força e horrorizada por ver o tratamento que ela recebia.

Claro que ela teve ótimas patroas. Algumas nos ajudaram muito, outras viraram amigas, mas quando ela já não tinha mais força física para trabalhar em várias casas e nós já ajudávamos financeiramente em casa, ela pensou em algo fundamental para todos nós: a aposentadoria.
Ela sabia que íamos seguir nosso caminho. Como seria sua velhice?
Ela deixou as faxinas e foi ser auxiliar de serviços gerais num sindicato, mesmo ganhando menos.
Ela ainda me conta histórias absurdas.
E eu ainda sonho com o dia em que ela vai poder descansar.

Minha mãe não é a primeira e mesmo com a PEC, não vai ser a última a trabalhar anos a fio, fazendo o trabalho que ninguém quer fazer, recebendo pouco e sem saber o que vai ser da vida quando envelhecer.
Mas antes de contestar o DIREITO de uma classe trabalhadora que sustenta tantas outras com argumentos fajutos, pense um pouco:
Quem cuida dos filhos das domésticas enquanto ela cuida dos seus?
Quem limpa a casa das domésticas enquanto ela limpa a sua?
Quem cozinha pra ela?
Você trabalharia em condições semelhantes?
Você moraria no seu emprego, mesmo que te tratassem como 'alguém da família'?

Ter uma empregada doméstica em casa é um luxo sim, então pague um valor JUSTO por ele.
Se você não está disposto, faça como a minha mãe e tantas outras mulheres, arregace suas mangas e se vire.

Comentários

  1. Respostas
    1. Esse texto deveria ser enviado para a Folha de SP em resposta ao que escreveu a Danuza Leão!

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    2. Maria de Fátima, fico muito feliz que tenha gostado.
      Obrigada.

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  2. Chorei também. Minha mãe já foi doméstica e conta histórias de arrepiar.

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    1. Quis mostrar o outro lado, esse invisível que todos vêem mas ninguém enxerga.
      Mande beijos à sua mãe.

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  3. Muito bom! Mostra o outro lado da moeda!

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  4. O problema é q o excesso de regulaçao mais prejudica do q beneficia, mais domesticas entrarao na informalidade ou ñ conseguirao emprego, de boa intençao o inferno ta cheio, tipo o bolsa familia, é essencial mas do jeito q está mais prejudica do q beneficia quem fica refem do governo.

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    1. Oi Cleber,
      Só acha que o Bolsa Família prejudica, quem nunca teve passou dificuldades na vida.
      Não é a solução definitiva mas é um alívio pra quem não tem o que dar de comer aos seus filhos.
      E a PEC não é um excesso de regulação e sim a correção de um erro que diferenciava o trabalhador doméstico dos demais.
      Eles não vão entrar na informalidade porque tecnicamente, já estavam nela.

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    2. Cleber, não sei se você percebe, mas esse seu argumento é o mesmo usado pelos escravagistas na época em que foi abolida a escravidão. Eles diziam que os escravos iriam ficar sem emprego, na informalidade, morreriam de fome, que de boas intenções o inferno tá cheio etc etc.

      Talvez você não saiba, mas você tem mentalidade de um senhor de escravos.

      Aliás, sugiro que deixe de "se preocupar' com as domésticas, ok? Antes mesmo dessa PEC, elas já vinham sendo disputadas a tapa pelas madames, porque diminuem em número, a cada dia. E sabe porque? Porque as as empregadas domésticas e suas filhas estão quebrando o ciclo vicioso. Estão estudando, conseguindo emprego no telemarketing, muitas estão fazendo Medicina, Direito, pelo Prouni.

      Então, é pra você que se aplica mais acertadamente a frase "de boas intenções o inferno está cheio". Porque você,obviamente,está pouco se lixando pra o futuro das domésticas. Desculpa, mas é o que "grita" o seu comentário.

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    3. Hehe, muito pelo contrário, por isso do "boas intenções o inferno tá cheio", ñ adianta nada aprovar PEC se isso incentivará mais ainda a informalidade, quem é doméstica (profissão digna como qualquer outra) vai continuar sendo e aumentando os custos irá diminuir a oferta de trabalho, pra trabalhar vão ser obrigadas a continuar na informalidade, simples, isso ñ ocorre apenas com domésticas, com todas as outras profissões tb, ñ sei pq este coitadismo todo.

      No mais o teu e outros argumentos comprovam novamente o de "de boas intenções o inferno está cheio", incentivar o acesso a educação é obrigação de qualquer governo, só que o papel do governo é incentivar o acesso a educação de qualidade, a maioria das faculdades são fábricas de diploma, a única solução é investir pesado no ensino básico, mas claro é mais fácil garantir acesso, assistencialismo, etc, que a maioria da população só vê o curto prazo mesmo, por isso da aprovação recorde da presidente, medidas populistas para aprovação e pensando na próxima eleição e não no futuro do país.

      Bolsa família aumentou alguns poucos reais, só que inflação vai corroer este aumento ano que vêm, este é um dos efeitos das tais boas intenções sem planejamento, sem visão futura de um país.

      O governo tem que garantir a cidadania e o bolsa família é apenas parte ínfima disso, obrigação, o problema é que é muito mal pensado, a família fica refém e acomodada, natural que defenda com unhas e dentes PROUNI e outros programas que embora bons são insuficientes para o desenvolvimento do país, mentalidade de terceiro mundo aflora e se mantém, parabéns por ser mais um refém do status quo implantado por aqui.

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  5. Sensacional o seu texto. Tenho parentes próximos que passaram pela mesma coisa, lendo seu texto revivi tudo que vi ao longo da minha vida na minha família. Até me emocionei.

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  6. olha, nao sei como começar a comentar este tema.bom, vou começar a dizer que eu sou amiga da mae da Ohanna,desde quando tinhamos mais ou menos 9 anos eu conheço muito bem a eliana,e uma das minhas melhores amigas,estudavamos juntas,iamos as festas juntas ou seja nossa juventude passamos sempre uma do lado da outra.ate o dia que ela ficou gravida do pai da Ohanna e entao se casou e desde esse momento nossas vidas se separaram ela foi viver a sua vida e eu a minha,continuei os estudos e pelo menos terminei 0 2º grau e as vezes tinha noticias dela,e na maioria das vezes nao muito boas.Sabia que a vida dela nao tinha sido das melhores,pois como a Ohanna ja contou, a eliana passou por tudo isso junto e depois separada do seu marido,como no Brasil a grande maioria dos homens nao valem nada, a eliana se separou e como muitas mulheres valentes, ela foi para a luta,para dar um futuro melhor a seus filhos,o que e muito importante e que ela sozinha conseguiu levar os filhos dela adiante,mas com toda essa carga ela se desgastou muito e e verdade. o que a Ohanna disse, eu e a eliana temos a mesma idade e eu tive a sorte(bençao de DEUS) de ter tido uma vida melhor,passei por outras dificuldades como a de sair do Brasil e tentar a sorte em outro pais hoje estou casada com um espanhol e digo os homens de aqui tem muito mais respeito com suas esposas ou seja sao homens de verdade,pois o meu filho tem meu marido como se fosse seu verdadeiro pai,porque o pai dele nunca se importou com ele.E entao ao que ia dizer nos duas temos a mesma idade mas fisicamente a eliana parece ser mais velha do que eu.Deu seus melhores dias aos seus filhos,e claro que todas as pessoas que dedicam suas vidas a fazer a de outras mais facil,tem todo o direito de ser tratadas como ser humanos que sao.felicito a todos os que dedicaram seus votos para aprovar estas leis, que vai dignificar a vida dessas pessoas honradas e trabalhadoras que sao as empregadas domesticas.deixo aqui minhas desculpas pelos herrores ortograficos,pois como ja disse estou vivendo fora do Brasila varios anos, e o mais importante deixar um grande abraço para minha grande amiga ELIANE APARECIDA BRUM, e para toda a sua familia.Que DEUS os ilumine a cada segundo de suas vidas.beijosssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss. os quero muito.de sua amiga de sempre: TEREZA (terezinha luiza guimaraes ancelmo.

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    1. Tia Tereza, tudo bem?
      Infelizmente a senhora tem razão.
      Obrigada pelo comentário.
      Beijo grande.

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  7. Ohana, apesar de eu ter sido criada "do outro lado", minha mãe sempre me ensinou esse ponto de vista que você brilhantemente explanou acima. E muito antes dessa Lei mais que justa e merecida, ela já pagava os direitos do trabalhador "comum", por questão de justiça e dignidade. Daí eu penso: o que será que tem na cabeça aqueles que não estão considerando razoável a nova condição? E se o SEU trabalho, por qualquer desventura que seja, tivesse perdas significativas e seus direitos não fossem mais salvaguardados, o que você faria? O caminho foi árduo para você conseguir a garantia do seu justo de hoje - o caminho foi ainda mais tortuoso pra classe das domésticas. Por uma questão de injustiça há essa diferenciação de classe trabalhadora; por uma questão de justiça há, agora, uma Lei que busca dirimir isso.

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    1. Olá, que sorte ter uma mãe com bom senso né?
      Outra vida!
      Obrigada pelo seu comentário.
      Beijo grande.

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  8. Eu tb acho q uma empregada doméstica tem q ser mt bem remunerada. Eu alias n fariam o q elas fazem nem pelo dobro do valor. So tenho medo do pessoal achar q n eh justo pagar mais pelo serviço e gerar algum desemprego pra quem vive disso.

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    1. Olá, eu concordo que elas devem ser muito bem remuneradas mas discordo que isso vá gerar desemprego justamente porque a maioria de nós pensa como você (me incluindo): não faria o que elas fazem nem pagando o dobro.
      Obrigada pelo comentário. Beijo grande.

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  9. A internet e os blogs proporcionam que possamos ler textos como o seu que sofreu na pele os disparates sociais de um país ainda muito injusto. Muito bom! Também escrevi sobre a polêmica das domésticas em meu blog Zona Curva http://wp.me/p1YOKS-8E.

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  10. PARABÉNS!
    Seu texto é excelente e relata o que muitas mulheres em nosso pais passou e ainda hoje passam para literalmente manter uma família, mas vale lembrar que em alguns casos, poucos é verdade, não se deve apenas dar mas sim apoiar e ensinar um caminho para a melhora da situação econômico-financeira (digo isto no caso do bolsa família, que por alguns, que se aproveitam do "vamos ajudar", é explorada de forma vexatória, populista e fraudulenta). Mais uma vez PARABÉNS pelo texto e aos centenas de milhares de empregados domésticos ...ORGULHO, pois sem vocês nossa sociedade tão hipócrita não seria NADA!

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    1. Oi Carlos,
      Concordo absolutamente que além dos programas sociais, a educação é o caminho para eliminarmos todas as injustiças do nosso país.
      Obrigada pelo comentário.
      Abraços.

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  11. A sua fala, fala por todas as pessoas que por necessidade, e não opção, são submetidas as todos os tipos de humilhação. Pior: são privadas do convívio com seus filhos para poder "criá-los". É inequívoca a PEC, mesmo que atrasada. Mesmo que o desemprego venha( que são cálculos de quem é contra a Lei), que nenhuma pessoa mereça mais passar por esse tipo de submissão involuntária; e que nenhuma mãe seja tirada do cuidado essencial aos seus filhos; o exemplo da sua mãe, é o exemplo de muitas. Abraços afetuosos à sua Mãe!

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  12. é isso ai mana vc é foda
    falo tudo tudo
    Te Amo sucesso Sempre

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  13. Ohanna, minha avó foi doméstica. Minha mãe foi babá por pouco tempo durante a adolescencia, depois trabalhou em restaurante, até q passou para a antiga telerj em concurso e a vida dela tomou um curso diferente. Então, me identifico plenamente com o seu texto. Suas palavras poderiam ser minhas. Beijos mIl.

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    1. Nossa e de tantos milhares que são filhos de domésticas né?
      Obrigada.
      Beijos.

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  14. Ohanna, sou muito solidária a tua dor e imagino o quão sofrida deve ter sido tua infância e deve ainda ser tuas lembranças. Exatamente por jamais esquecer de penso no outro, eu me esforço muito pra ser justa com todas as empregadas que tive. Procuro respeitar horários, tarefas que competem a elas, jamais as xingo e sempre paguei mais de um salário porque imagino o quão difícil deva ser sustentar a família com tão pouco. Muitas foram as vezes que me envolvi com os problemas pessoais das minhas empregadas. Já passei madrugada em hospital com seus filhos, já fui na delegacia denunciar marido agressor, já briguei com vizinho que as desrespeitaram.

    E mesmo tendo muita tranquilidade dos meus atos em relação aos direitos e a dignidade que sempre respeitei, tenho minhas ressalvas em relação a essa PEC. Não sei como será daqui pra frente. Moro sozinha com minhas duas filhas. Preciso de uma empregada que possa dormir durante a semana porque muitas vezes não tenho hora pra chegar em casa. Mas não terei condições de pagar o adicional noturno sobre os mil reais de salário que pago pra ela.
    Aqui em casa o trabalho é muito tranquilo. A Sula, atual empregada aqui, mesma diz que aqui ela tem tempo de qualquer coisa que ela queira: unha, ver filme, dar um cochilo de tarde. Fico feliz. Uma pessoa tranquila em casa garante a minha tranquilidade e das minhas filhas. Mas e aí, eu desconto a partir de agora essas horas de não trabalho dela pra poder fechar as 8horas por dia?

    Acho que a PEC deixa algumas brechas e é muito severa com os empregadores.
    Concordo que há um resgate social que precisa ser feito e eu sou favorável a ele. Mas temo que ela acabe por penalizar a classe média porque as condições colocadas impõe que somente ricos consigam ter empregadas. Gente como eu terá dificuldade de continuar tendo o auxílio desse tipo de profissional tão importante na minha vida.

    Muito bom teu testemunho. Vou levar para o meu blog, tá?!
    Um beijo gigante!

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    1. Olá, que bom ler o testemunho de gente humana como você.
      Tenho certeza que como você é uma patroa muito boa, conseguirá um acordo com a sua empregada.
      Quanto à minha infância, foi sofrida mas não foi triste, justamente porque minha mãe teve o cuidado de não nos deixar penalizados, inferiorizados. Isso formou meu caráter e dos meus irmãos e hoje somos todos bem sucedidos.
      Fique a vontade para compartilhar no seu blog.
      Deixe o link.
      Beijo grande.

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    2. Ei, bicha, pela formalidade não me reconheceste, né?
      Sou a Waleiska. Tb tive uma infância pobre e cheia de dificuldades. Impossível não tratar com respeito as pessoas só porque elas estão numa situação econômica inferior à minha.
      Saudade de ti. Chama a NASA e dá logo um pulo aqui em Brasília.

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    3. Não reconheci a dona dessa boca carnuda.
      Tbm to com saudades.
      Dou um pulo aí assim que tiver uma folga.
      Bjo

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  15. Ohanna,

    Eu senti a sua dor enquanto lia o texto. Sou 100% a favor dessa PEC, que veio tarde demais da conta. A classe média que dê seus pulos e se adapte à nova lei. Afinal, esse é só o começo para o pensamento escravagista ter um fim.

    Deixo claro que não falo da boca pra fora. Eu e meu marido limpamos a nossa casa há muito tempo e temos noção do quão cansativo e essencial é esse trabalho.

    Obrigada por suas palavras! Elas serão compartilhadas na minha página do Facebook!

    Um beijo,

    Flávia.

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    1. Oi Flávia,
      Você não sabe a alegria que sinto ao ler suas palavras.
      Me emociono por ter conseguido emocionar alguém.
      O objetivo desse texto é justamente esse: mostrar que tantos de nós ainda temos o pensamento lá na época do império, com os mesmos argumentos.
      Obrigada pelo compartilhamento.
      Beijo grande.

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  16. Caramba! Muito bom mostrar um lado invisível à maioria. Parabéns!

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  17. Ohanna muito bom seu texto, aos poucos nossa sociedade vai se tornando menos injusta. Uma pena esse processo ser tão lento...
    Parabéns! !!

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  18. Ohanna,
    Que linda você!
    Divulguei seu post no Salada Médica, foi a melhor ilustração para o vídeo que fiz sobre o tema hoje. Fiquei muito feliz de chegar em casa e ao retirar o vídeo da minha câmera encontrar este post perfeito, muito mais tocante do que qualquer argumento. Um beijo!
    Meire G.

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    1. Oi Meire,
      Linda é você por me ajudar a divulgar.
      Posta o link aqui que eu quero ver seu vídeo.
      Beijo

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    2. Ohanana,
      Meu vídeo está aqui http://saladamedica.wordpress.com/2013/03/27/o-salada-apoia-a-pec-47810/
      Obrigada por ser tão bela. O mundo precisa de gente sensível assim.
      Meire

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    3. Oi Ohanna!
      Eu havia respondido mas minha mensagem sumiu ;)
      O link
      http://saladamedica.wordpress.com/2013/03/27/o-salada-apoia-a-pec-47810/

      Um beijo e parabéns de novo pelo seu post!
      Meire

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  19. Parabens pelo texto, é um verdadeiro tapa boca de qualquer um que ouse ser contra o reconhecimento dos direitos dos domesticos, sempre achei extremamente injusto uma mãe de familia que trabalha de empregada dosmestica, cumprir carga horaria de 10 horas o dia, não ter direito receber salario familia e ainda quando fica sem emprego não ter o seguro, porque demorou tanto tempo para o governo exigir o obvio?

    Não vai gerar desemprego NÂO, porque a cada dia a oferta está ficando bemmmmm menor do que a procura, pelo menos aqui onde eu moro ( Fortaleza) as domesticas estão migrando direto para outras áreas, fazendo cursos de costureiras, virando diaristas, trabalhando de zeladoras e em lanchonetes, restaurantes, só com a escassez de mão de obra é que vão saber dá valor ao árduo trabalho das dométicas, trabalhei 10 anos de zeladora e hoje sinto dores nas mãos quando lavo com muita frequencia roupas ou louças, eu sei bem o que é chegar em casa com as pernas doendo tanto ao ponto de ter que ir se deitar de imediato e obrigar tambem os filhos pequenos a irem dormir cedo e priva-los de bricar com os filhos dos vizinhos porque vc não aguentar sair para fora de casa com eles de tanto sono e cançaso.

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    1. Oi Sílvia.
      Você também tem dores... Essa é a parte mais triste da história!
      Uma sequela que não tem reparação.
      Só argumenta que a PEC irá gerar desemprego, quem quer manter suas mucamas. Como na época da abolição, elas vão se virar muito bem. Aliás, elas são mestre nisso.
      Obrigada pelo seu comentário querida.
      Um beijo enorme.

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  20. Desidratado após ler, me emocionar, me informar e constatar que uma grande arquiteta das letras vai se transformando não só numa formadora de opinião, mas em alguém que fomenta a reflexão. Texto irrepreensível. Ainda estou comovido pelo conteúdo. Certamente as pessoas mais importante de minha vida foram domésticas, que chamo de mães e até hoje vivem conosco, mesmo já tendo construído duas famílias. O Legislativo merece aplausos pela aprovação dessa PEC e o Brasil salta para o status de país que envereda para um futuro sem servidão e escravidão. Quem pensa o contrário deve odiar a Lei Imperial n.º 3.353 de 13 de maio de 1988. Sucesso sempre, minha preciosa amiga.

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    1. Toim, meu amigo querido!
      Sabe o quanto significa um elogio teu pra mim né?
      Obrigada pelas palavras que também me emocionaram muito.
      Te amo.

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  21. Seu texto me fez chorar. Sua mãe é uma dessas muitas heroínas perdidas no Brasil. Parabéns pelo texto, e por ter uma mãe assim.

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    1. Que honra ter uma mãe batalhadora né Victor!
      Obrigada pelo comentário.
      Um beijo pra você e outro pra sua mãe.

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  22. Lindo o seu texto. Minha mãe sempre teve empregada, e eu sempre achei estranho: com quem ficava a filha daquela moça que tinha a mesma idade que eu, enquanto ela tomava conta de mim e da minha irmã? Quando ela trazia a filha pra minha casa e a gente ficava brincando, ela sempre me pareceu mais esperta e madura do que eu. Talvez por não ter empregada, ela teve que se virar mais rápido na vida do que minha irmã e eu. Cresci, casei, tive filhos e todo mundo pergunta se eu não tenho empregada.Parece que se você ganha um pouquinho a mais ou tem ensino superior completo, oh meu deus que absurdo lqvqr q própria privada. O motivo de não ter é o que vc colocou: ter empregada é sim um luxo, e eu não posso pagar pra alguém o que eu gostaria de receber se tivesse que deixar meus filhos em casa pra tomar conta do filho dos outros.
    Beijo pra vc e prq suq mãe.

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    1. Oi Fernanda,
      Bom saber que quem estava do outro lado teve a sensibilidade de pensar como você.
      Só podia ser uma criança, na sua pureza e curiosidade.
      Um beijo pra você também.

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  23. Agora sou eu que estou chorando!
    Que linda história. E saber que é a história de tanta gente. Vida dura essa.
    Tenho empregada, tenho babá, mas um dos valores principais aqui da nossa casa é pagar bem a elas, ter horário limite de trabalho, fazer questão que tirem todos os feriados, pagar todos os benefícios, enfim. Nosso gasto vai aumentar, mas eu, sinceramente, vibrei com a PEC. Veio tarde, chega desse esquema casa grande-senzala, como pode? E é impressionante como a coisa é resistente: somos tidos por malucos pelos amigos, que nos acham bananas demais etc. O que temos ganhado em troca é gente que fideliza com a gente e se junta a nós para, um ajudando o outro, tornarmos tudo melhor pra todo mundo.
    Uma última coisa: dá pra ver pelo seu texto que todo esse esforço da sua mãe foi recompensado, tenho certeza que ela morre de orgulho de você! Que bom.
    Obrigada por compartilhar.
    Gabriela

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    1. Gabriela,
      Quanta generosidade nas suas palavras.
      Vibro em saber que existem pessoas que olham pro outro apesar da lei.
      E vibro porque agora temos uma lei que obrigará os que não olhavam.

      Um beijo.

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  24. Cheguei ao seu blog através deste texto sobre a PEC e chorei pensando nas domésticas que conheço e que possuem a face tão endurecida pelo trabalho semi escravo ao qual são submetidas, lembrei ao ler sobre a dentista porca, de uma patroa da minha sogra tão porca ou mais que esta dentista nem se quer tirava o absorvente usado da calcinha para ela lavar! Precisamos de todas as leis que forem necessárias para que o trabalho doméstico seja regularizado, só não irá ganhar com isso quem quer tirar proveito e pessoas assim não merecem ganhar nada mesmo! Parabéns pelo texto e pelo blog, muito sensível e bonito! Posso compartilhar com os devidos créditos o texto para os meus amigos no facebook?

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    1. Carol,
      Infelizmente, minha mãe não foi a única e não será a última.
      Mas vamos lutar para que todos tenham consciência do quanto é errado esse tipo de exploração.
      Obrigada pela divulgação.
      Um beijo.

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  25. Seu texto me levou a um passado também dolorido. Minha mãe foi doméstica e eu, na adolescência também. Na época, o pior pra mim, era ouvir de familiares de condição financeira melhor achar que nós servíamos apenas pra este trabalho. Eu e meus irmãos passamos por isso com dignidade e, graças a Deus, com um saldo super positivo. Não cursamos uma faculdade, mas temos uma profissão para mostrar que somos capazes sim.
    Hoje, já casada e madura, optei por ser dona-de-casa, já que não tenho condições financeiras de remunerar dignamente alguém pra cuidar de tudo enquanto eu pudesse exercer minha profissão. E, apesar de algumas pessoas se admirarem e às vezes me fazer falta, não me arrependi. Penso que muitas pessoas deveriam fazer o mesmo. São tantas que deixam casa, filhos e trabalham horrores pra ter o prazer de uma empregada. Precisamos acordar, levar uma vida prática e feliz, nada de explorações.
    Penso também que as dificuldades de aplicação desta lei estão aí e virão muito mais. Mas, com certeza, o futuro melhor começa aqui.

    Parabéns pela postagem! Beijo

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    1. Adriana,
      Concordo com você.
      Cada um leva a vida do jeito que pode, dentro de suas limitações.
      Se matar trabalhando fora e ter que pagar uma empregada, passando o dia longe dos filhos é mais benéfico que ficar em casa?
      Essa é a medida.

      Torço para que a exploração que você e sua mãe também sentiram chegue ao fim.
      Será um caminho duro mas um caminho que deve ser percorrido.
      Um beijo.

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  26. Meus parabéns Ohanna!
    Texto lindo e emocionante!
    Impossível não valorizar mães como a nossa.

    Um beijo!

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  27. Oi Ohanna! Parabéns pelo texto. Com toda certeza, a PEC das Domésticas é um grande avanço e um sopro de dignidade ao trabalhador doméstico no Brasil que ainda vive o ranso de uma sociedade que os trata como mucama. Cheguei no seu blog a partir de uma recomendação da Rosana Hermann, do blog Querido Leitor.

    Grande abraço.

    http://cafecomnoticias.blogspot.com.br

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  28. Lindo texto! Retrato sensível e real... Parabéns!!!

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  29. Orgulho nem sempre é considerada uma palavra boa. Então não vou dizer que sinto orgulho de ter te conhecido, Ohanna. Vou dizer que sinto uma gratidão imensa por você existir e por eu ter te conhecido. Parabéns e sucesso, linda! Beijão!

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    1. Ah Cris,
      Quer me fazer chorar, sua linda?

      Eu que agradeço por ter amigos tão generosos comigo!
      Deus é bem legal por colocar pessoas tão especiais no meu caminho.

      Obrigada viu.

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  30. Concordo plenamente que os empregados domésticos em geral tenham seus direitos garantidos de forma tão igual quanto os demais trabalhadores abraçados pela CLT. Sou advogada e já fiz audiências trabalhistas para diversas domésticas, que infelizmente deixavam muitas vezes de receber seus direitos simplesmente pelo fato de que testemunhas para comprovar falta de gozo de férias, trabalho aos sábados, domingos e feriados, sempre são raras nesses casos. Contudo discordo com o texto na parte que diz que empregada doméstica é luxo. Nem todo mundo que as tem é por preguiça ou por "mimo". Eu por exemplo, trabalho de 12h a 13h/dia, isso quando não o faço no sábado pela manhã também, e sinceramente, não tenho disposição para chegar em casa e fazer uma faxina ou sequer lavar um copo. Acho que cada um tem sua realidade e necessidade, e nem todo mundo é ruim com as domésticas e nem existem só domésticas boas, sempre tratei e confiei nas minhas, até ao ponto de uma delas me furtar objetos que somaram o prejuízo de R$ 600,00. Entendo seu desabafo d'alma em relação a história de vida de sua mãe, mas garanto que nem pra todas patroas empregada é um luxo.

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    1. Oi Lu,
      Eu também trabalho pra caramba, estudo e sei que chegar em casa pra arrumar tudo é bem difícil.Mas nosso trabalho é intelectual.
      Agora imagina pra quem faz todo o trabalho pesado, muitas vezes em duas casas por dia e chega em casa na mesma situação!

      Como elas se viram, quem não tem condição de pagar um salário decente e todos os direitos delas, tem sim que se virar.

      Concordo que da mesma forma que existem patroas péssimas, também existem empregadas péssimas, como advogados péssimos, comunicólogos péssimos e profissionais péssimos de todas as áreas.

      O que estamos discutindo aqui e acho que você concorda com todos nós é que para se ter uma empregada hoje, deve-se assegurar todos os direitos e remunerá-las de maneira justa.

      Um abraço.

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  31. Concordo plenamente que as domésticas merecem os mesmos direitos trabalhistas que os demais profissionais brasileiros amparados pela CLT, contudo, não é luxo ter uma empregada doméstica, nem todo mundo que a tem é por preguiça ou por "mimo". Eu por exemplo, trabalho de 12h a 14h/dia, isso quando não o faço no sábado pela manhã também, e sinceramente, não tenho disposição para chegar em casa e fazer uma faxina ou sequer lavar um copo. Acho que cada um tem sua realidade e necessidade, e nem todo mundo é ruim com as domésticas assim como nem toda doméstica é boa. Sempre tratei muito bem (levando almoço para a mesma quando eu mesma não almocei no dia por causa da correria) e confiei nas minhas, até ao ponto de uma delas me furtar objetos que somaram o prejuízo de R$ 600,00. Cada caso é um caso. Louvável seu desabafo d'alma em relação a história de vida da sua mãe, parabéns.

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